terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Abro mão da primavera...


Antes de dormir, a moça sempre fazia as mesmas coisas. Dispunha o lençol sempre da mesma maneira. Arrumava delicadamente o celular debaixo do travesseiro e deixava tocar baixinho aquela música. Ela se sentia pronta para dormir, pois o "boa noite" que ela tanto esperava já havia soado como brisa em seu ouvido. Mas ela não sabia que ainda havia algo... Que o moço mais bonito do mundo ainda iria fazer seu coração bater acelerado mais uma vez, antes que terminasse o dia.
Ela leu coisas lindas, coisas escritas por ele. E desejou que ele estivesse ali pra entender, ou pelo menos ver, a felicidade que emanava dela. Alegria em tê-lo ao seu lado, alegria em tê-lo do lado de dentro. Ela, afônica, pensou mil coisas lendo aquelas palavras.
- O que será que esse moço viu em mim?
E pensou várias vezes, mas respostas não surgiram. Ela não entendeu, não achou um porquê. Ficou sem saber o que teria feito, como teria agido, quem seria ela para merecer que o moço-dos-olhos-pretos a visse entre milhões de pessoas no mundo. Ela não soube dizer o motivo.
Mas agradeceu por ele ter visto ela. E pediu a Deus que mantivesse com ela aquele motivo (seja lá qual fosse) para que ele não deixasse de olhar pra ela. Porque de uma coisa ela sabia: ela era feliz por poder ver aqueles olhos.
[Vanessa Moreira]


"Quero apenas cinco coisas... Primeiro é o amor sem fim. A segunda é ver o outono. A terceira é o grave inverno. Em quarto lugar o verão. A quinta coisa são teus olhos. Não quero dormir sem teus olhos. Não quero ser... sem que me olhes. Abro mão da primavera para que continues me olhando." (Pablo Neruda)


2 comentários:

  1. pequeno conto, bem legal. Singelo, digo.

    abração.

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  2. B! ta bom.
    conto vale mentir (licensa poética)
    mas pessoalmente naum minta pra mim
    ta bom?
    bjos lbc!
    o que vi em ti?
    naum vejo eh motivo para esquecê-la
    bjo!!!

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