quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Passividade educacional? Não eu!


Essa semana fui incitada (para não dizer obrigada) a ler "Pedagogia da Autonomia" de Paulo Freire. Com tantas coisas pra fazer, tantos trabalhos, tantas provas ainda tenho que ler um livro chato! - pensei eu. Mas que fatídico engano. Certamente este livro ficará registrado na minha memória como um dos mais iluminadores e enriquecedores que já li. Instiga o leitor a relembrar passagens de sua vida, acontecimentos que se confundem ora com o que o autor diz, ora com as experiências particulares de cada leitor. Mas falemos, então, do conteúdo da obra e daquilo que mais me cativou...
Paulo Freire, como educador que fora, sempre esteve preocupado com a formação da criticidade de seus alunos. Durante toda sua vida publicara obras referentes à essa temática, buscando atingir tanto discentes como docentes - e tentando encaminhá-los para um crescimento e desenvolvimento do senso crítico. A obrigatoriedade da leitura desta obra e as descobertas a partir desta fizeram o sentimento inicial de repúdio se transformar em prazer, em gratificação.
Freire, insiste na máxima de que educar é construir. É dar meios para a liberdade do ser humano preso em si e nas imposições sociais. E o autor, frequentemente, reafirma que educar não é transferir de conhecimentos, não é vomitar conteúdos, mas sim conscientizar.
Mas quantas e quantas vezes, no decorrer da formação educacional nós nos deparamos com professores exatamente desse tipo? Que entendem o ato de ensinar como repasse de frases feitas!? Professores que quando questionados não respondem satisfatoriamente, mentes mecanicistas que não incentivam o aluno a aventurar-se no novo, no desconhecido. Freire diz que esse tipo de educador que "castra" a curiosidade do aluno priva a liberdade do mesmo. E dessa forma não forma, domestica! Ensinar é criar possibilidades para a construção e desenvolvimento do conhecimento.
Ressalta que não deve mais haver o estereótipo de que o professor é aquele que detém o conhecimento e o aluno é o que, sedento de ensino, somente ouve. Não há como distanciar educador e aprendiz, ambos são sujeitos do processo. Docência sem discência inexiste, pois os seus sujeitos e objetos se encontram e se completam. De maneira que se pode dizer que quem ensina aprende ao ensinar e quem aprende ensina ao aprender. Ambos os sujeitos conhecem o mundo e configuram-se como seres capazes de intervir neste.
O ensino, também segundo a visão de Freire, não é automático. A configuração de ensino não é alicerçada no entendimento das palavras proferidas pelo professor e sim pelo aprofundamento destas - pela busca, pelo querer conhecer mais, pelo pesquisar. "

"Ensino porque busco, indaguei, porque indago e me indago."
(Paulo Freire)


Professores e alunos devem se assumir como seres sociais e históricos, pensantes, criadores e transformadores. Seres críticos. Convivendo de forma harmônica num ambiente onde a rotulação do que é certo e errado não exista. Professores não são partidos políticos, devem ensinar aquilo que lhes cabe e primar pela formação moral-crítica do aluno atuando como facilitadores da metamorfose da ingenuidade para a criticidade. A questão chave é a assunção dos papéis de ambas as partes, concomitantemente, de maneira que a evolução do conhecimento seja observada nas duas pontas da corda - para que o cabo de guerra fique equilibrado.
E em meio às pertinentes afirmações de Paulo Freire, eu me vejo como produto do meio termo. Fui e ainda sou produto de professores mecanicistas, que não incentivam a pesquisa. Mas também, felizmente, pude conviver com professores-mestres (no sentido etimológico da palavra). Professores que não se contentavam com o pouco, o básico, o que todo mundo tem.
E agora produto do meio termo? Prefere ser mecanicista ou crítica? Prefiro a criticidade, mesmo ainda sendo auxiliada por professores-que-só-reproduzem-frases.
Educação não deve ser entendida somente como um direito - onde o aluno espera sentado confortavelmente em seu lar os conteúdos chegarem mastigados e prontos para serem decorados -, deve-se aprender que educação é também um dever individual. Eu, você, o padeiro, o médico, o lavrador, a cozinheira, Bill Gates, o gari, o frentista - todos nós - devemos ser ativistas da nossa educação. Indague, discorde, queira saber mais e, principalmente, cresça com o que descobrir!

[Vanessa Moreira]

P.S.:Espero que você - assim como eu - tenha gostado das idéias de Paulo Freire. E se possível, leia o livro! Vale cada página! Fica a dica! ;)

Um comentário:

  1. Isso b!

    Uma crítica inteligente é bem melhor que uma discusão. (ah! e naum arisca pontos)

    b porque você naum colocou o exemplo dos policiais tbm!

    eita b!

    gostei do artigo! (Nessa Meireles)

    Bjim

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